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Persistência é… montar um cavalo morto?

É sabido que as civilizações mais ligadas ao contacto com a Terra têm muito para nos ensinar. Descobri na internet esta metáfora sobre mudança (o autor era desconhecido) e atrevi-me a adaptá-la àquilo que tenho visto acontecer à minha volta e que eu própria também (ainda) faço. Cada vez menos, diga-se também em abono da verdade.

Os índios norte-americanos da tribo Dakota passam às gerações vindouras o seguinte ensinamento: “Quando se descobre que se está a montar um cavalo morto, a melhor estratégia, é desmontar de imediato”.

Nas nossas vidas pessoais, famílias, nas organizações, públicas ou privadas, muitas pessoas recusam-se a desmontar do cavalo morto e continuam a usar práticas e a manter ideias, procedimentos, rotinas e rituais que se tornaram obsoletas e contraproducentes.

Queremos obter resultados diferentes, fazendo da mesma forma aquilo que nunca resultou.

Querem melhor prova da persistência humana?

Eu disse persistência…. Não disse inteligência!

Nas nossas vidas privadas, manter um cavalo morto por perto (relacionamentos pouco gratificantes, emprego desmotivador, carreira estagnada, gordura física, entupimento de artérias, hábitos indesejados, vícios, etc.) representa pensar em coisas como:

▪ Pelo menos, com este cavalo, ainda que morto, já sei o que posso contar.

▪ E se depois não tenho capacidade para montar um cavalo que esteja vivo?

▪ Não será, apesar de tudo, mais seguro manter-me num cavalo que já conheço?

▪ Será que se eu insistir muito não irei fazer com que este cavalo morto… ressuscite?

▪ Se o que eu vejo à minha volta são muitos cavalos mortos e ninguém parece ficar muito incomodado com isso, será que o problema não será meu?

▪ Será que mereço mesmo ter um cavalo melhor que este para montar?

▪ Um cavalo vivo vai dar-me muito mais trabalho. Será que vale o esforço
todo este investimento?

▪ Quem é que me garante que ter um cavalo vivo é melhor que manter
este, que estando morto, pelo menos eu já conheço?

A lista de perguntas que fazemos a nós próprios para nos mantermos dentro do nosso confortável paradigma, seria infindável. Sair da nossa zona de conforto dá uma trabalheira a que nem todos, e nem sempre, estamos dispostos.
É humano, compreensível e até mesmo enternecedor o que fazemos continuamente, mesmo sendo disfuncional para nós.

Conheço quem se mantém junto do cavalo morto por lealdade, por medo, por amor, por insegurança. Enfim…. Por acomodação, inércia ou medo.
O meu cavalo morto, o mais morto de todos, era o cigarro; abandonei-o na berma da estrada há mês e meio, mas ainda me faz imensas saudades.
É humano, é compreensível e um pouco estúpido, reconheço.
Nas organizações os cavalos mortos abundam e provocam iguais estragos.

Eis alguns exemplos das desculpas, estratégias e procedimentos usados para se manter o pobre cavalo por perto:

▪ Trocam de cavaleiros.

▪ Ameaçam o cavalo com castigos e demissão.

▪ Criam um comité para estudar o cavalo.

▪ Dizem coisas como: “Esta é a maneira como sempre montámos este cavalo”… algum dia ainda vai resultar!

▪ Pensam: como é possível se este cavalo já correu tanta estrada? E recusam-se a aceitar que se finou!

▪ Fazem uma espécie de benchmarking, isto é, visitam outros países ou concorrentes para ver como se montam por lá outros cavalos… igualmente mortos, claro.

▪ Criam um curso para desenvolver habilidades de “equitação” em cavaleiros a quem não serão dados cavalos novos e que dentro em pouco estarão, também eles, mais mortos que vivos. De tédio, de desmotivação, de frustração.

▪ Contratam terceiros para montar o cavalo, convencidos de que o cavaleiro anterior é que era incompetente.

▪ Contratam um consultor para motivar o cavalo morto e pagam-no a peso de ouro; meses depois fazem o que se faz aos treinadores de futebol: “passam de bestiais a bestas”.

▪ Instalam um sistema informático especial, ligado a sistemas de gestão avançadíssimos que fazem cavalos mortos correrem (artificialmente, claro) de forma mais rápida… durante um tempo e a custos proibitivos.

▪ Declaram que um cavalo morto é o melhor por ser… mais barato e nem se apercebem que esse cavalo acaba por contaminar e matar com uma infecção horrenda todos os outros cavalos. Tal como as maçãs podres numa fruteira.

▪ Formam um comité para pesquisar usos correntes para cavalos mortos.

▪ Voltam a estudar os requisitos de desempenho para cavalos mortos, na esperança de lhe poderem arranjar serventia.

▪ Designam um Six Sigma Black Belt para ressuscitar o cavalo.

▪ Mudam os requisitos operacionais e declaram: “Este cavalo não está assim… tão morto”.

▪ Incluem no orçamento do próximo ano uma verba para melhorar o
desempenho do cavalo.

▪ Atrelam vários cavalos mortos convencidos que só assim podem aumentar a velocidade da quadriga.

▪ Promovem o cavalo morto porque pelo menos … vai cheirar mal para outro lado.

Perguntam-me imensas vezes para que serve a PNL e o Coaching, áreas em que me tenho embrenhado com a dedicação de uma formiga num carreiro; e confesso, com a transparência que me é habitual… nunca sei muito bem o que hei-de dizer de verdadeiramente significativo. Embrenho-me racionalmente na história da coisa, falo nas vantagens, no impacto potencial, nas mudanças e nisto e em mais aquilo. Lado esquerdo do cérebro a trabalhar, claro.
Tropecei neste ensinamento índio e achei graça à sua enorme seriedade.
Tenho a esperança de que esta metáfora ajude a clarificar aquilo que faço com imenso amor e empenho.
Serve para desmontarmos finalmente do diabo do cavalo morto e partirmos para outro… quando fica provado que aquele está mesmo morto e quando é ecológico para o cada cavaleiro sair dali. Ao seu próprio ritmo, com as rédeas do seu novo cavalo na mão e não ….porque alguém que já sentiu o cheiro fétido da velha carcaça, assim o aconselhou.

Bem hajam,


CARLA AFONSO

Master Practitioner e Trainer em PNL | Coach| Terapeuta e Consteladora
Licenciada em Comunicação Social, Especializada em Liderança e Inteligência Emocional, Executive e Life Coaching

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