O dragão

Há muitos e muitos anos, nas montanhas da Patagónia, existia um pequeno vilarejo, onde os habitantes estavam a morrer de fome. Viviam com medo do dragão que tinham visto nos campos e, por isso, não cultivavam mais alimentos.

Certo dia, chegou à aldeia um viajante que solicitou uma refeição. Ao pedir por comida, o estrangeiro percebeu que não havia alimentos suficientes, devido à presença do dragão nos campos. O viajante era corajoso e ofereceu-se para matar o dragão. Ao chegar ao local indicado, viu que não havia dragão algum, apenas uma enorme melancia. Então, retomou ao vilarejo e disse: “Não há nada a temer; não há́ dragão nenhum, apenas uma enorme melancia”. Os habitantes do vilarejo ficaram furiosos com a “suposta” mentira e espancaram o viajante.

Algumas semanas mais tarde, outro viajante chegou ao vilarejo. Novamente, ao pedir por comida, contaram-lhe sobre o dragão. Este também era corajoso e ofereceu-se para matar o dragão. Os habitantes do vilarejo exultaram. Ao chegar ao campo, também viu a melancia gigante e voltou ao vilarejo para contar o sucedido aos habitantes. Quando chegou à aldeia, informou que todos estavam enganados a respeito do mítico animal e que não precisavam temer uma melancia gigante. E uma vez mais, os habitantes espancaram o viajante.

O tempo foi passando e os habitantes da aldeia estavam a ficar cada vez mais desesperados. Entretanto, surgiu um terceiro viajante. Ao vê-los aflitos, perguntou qual era o problema. Depois de ouvir a história, o estrangeiro prometeu que mataria o dragão, de modo que todos pudessem realizar a colheita. Ao chegar aos campos, também viu a melancia gigante. Sacou a espada, saltou para o campo e desfez a melancia em pedaços. Retomou ao vilarejo e contou aos habitantes que tinha matado o dragão – eles deliciaram-se. O viajante permaneceu no vilarejo por muitos meses, o suficiente para ensinar aos habitantes a diferença entre dragões e melancias.

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