Certo dia, enquanto caminhavam, um mestre e o seu discípulo foram abordados por um jovem pedinte:
– Por favor, podem ajudar-me!? A minha família é muito grande e só temos uma vaquinha para o nosso sustento. Mal conseguimos dinheiro para comer! – disse o rapaz.
O mestre ignorou o pobre e continuou a caminhar. Indignado, o discípulo perguntou:
– Mestre, podia ter ajudado aquela pobre alma, porque é que não o fez?!
– Por vezes, o melhor gesto que podemos ter é desvalorizar a situação! – exclamou o sábio.
– Mas, aquele rapaz está claramente necessitado. Negar-lhe a ajuda de que ele precisa é cruel! – contrariou o discípulo.
– Escuta, meu rapaz! Queres mesmo ajudar aquele jovem e a sua família!? – perguntou o mestre.
– Claro que sim! – retorquiu entusiasticamente o aprendiz.
– A melhor coisa que podes fazer é matar-lhes a vaca.
– Não acredito, mestre! Como é óbvio, nunca faria tal coisa!
– Confia no que te digo! Retirares a vaca da vida daquela família é o melhor auxílio que lhes podes prestar.
O discípulo, algo relutante, decidiu seguir o conselho do mestre e, durante a noite, foi à casa do jovem pedinte e matou a vaca.
De regresso ao acampamento onde se encontrava o mestre, o jovem irrompeu num pranto e, soluçando, disse:
– Mestre, eu não compreendo como é que a morte da vaca pode ser a melhor solução. Aquela família vai morrer à fome. Por favor, ajude-me! Ilumine-me! Preciso de me livrar desta culpa!
– Meu rapaz, a única maneira de compreenderes o objetivo desta lição e ficares descansado, é visitares a família daqui a 5 anos. Nessa altura, tudo te fará sentido.
Passados 5 anos, tal como o mestre pedira, o discípulo voltou àquele local e, em vez da pequena casa de família, encontrou uma grande mansão. Ao longe viu um jovem que parecia viver em prosperidade. À medida que se aproximava, automaticamente, percebeu que se tratava do pedinte que encontrara há 5 anos atrás.
– Bom dia, caro senhor! Passei por aqui há 5 anos e este local era muito simples. Existia apenas uma pequena casa. Que é feito da família que nela habitava? – perguntou o discípulo surpreendido.
– A família de que fala é a minha! Nessa altura, alguém matou a nossa única vaca. Diante das dificuldades, fomos obrigados a encontrar outras formas de subsistência. Então, começámos a cultivar a terra e a fazer criação de outros animais. No início, não foi fácil! Mas, com o tempo, fomos aprendendo, melhorámos e agora, como pode ver, estamos melhor do que nunca.
– Não guarda ressentimentos?!
– Confesso que, durante algum tempo, tive um ódio profundo à pessoa que me matou a vaca. Contudo, hoje percebo que tal uma bênção. O empurrão de que precisava para evoluir. Se não me tivessem matado a vaca, nunca teria aprendido a cultivar e continuaria em situação precária com a minha família.
– É muito bom ver-vos a prosperar desta forma.
Depois da conversa, o discípulo seguiu o seu caminho com o coração inundado de felicidade. Finalmente, estava em paz com a sua consciência, pois aquilo que na altura lhe pareceu um ato cruel, acabou por transformar-se numa dádiva a longo prazo.
Fique atento: de um momento para o outro “a vaquinha” desaparece!…
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MIGUEL FERREIRA
Consultor | Formador | Advanced Master, Practitioner e Trainer em Programação Neurolinguística
Psicopedagogo, Especializado em Psicologia Clínica e da Saúde | Executive e Life Coach
Membro fundador da APPNL – Associação Portuguesa de Programação Neurolinguística